domingo, 31 de outubro de 2010

O Mestre


Alguns lhe diziam ser o maior baterista de rock'n roll da Terra. Ele desconversava, dizia "not at all". Eles lhe perguntavam se precisa de anos e anos para tocar como ele. Ele dizia "not really". Acredite: quando tu chamas os melhor músicos da tua cidade, pra montar uma banda, e ficas na duvida entre John Bonham e Ginger Baker, é porque a coisa tava HEAVY por Londres.

O incrível apogeu do rock nos anos 60/70 originou mais do que hits famosos, que venderam milhões de discos. Produziu a única e verdadeira música transcedental do ocidente. Um som deste nível de pureza, só com gravações-espetáculos. Não só dos músicos. Mas também dos produtores e dos engenheiros. E os shows eram verdadeiras transfusões de emoções e de felicidade extrema:

Entre jogos de bilhar e coleções carros antigos, John Henry Bonham, o "Bonzo", como era chamado, mudou completamente a abordagem do instrumento. Ele desenvolveu técnicas que são estudadas no mundo inteiro. Como todo baterista, passei horas e horas estudando Double Bass Illusion (o nome já diz), A famosa "Avalanche", que são variações de triplets. (google it). E entre técnicas de pedal de bumbo, foi certamente o primeiro baterista que enganou totalmente seu público. Ele usa apenas um single pedal, e utiliza uma técnica monstra para bater duas vezes numa pisada só. 

Posso dizer que essas três belezuras mudaram para sempre meu estilo de tocar, para sempre. Uma coisa que você deve perceber na bateria, é que as técnicas tem nomes e ensinamentos padrões, mas existem infinitos meios de tocá-los. Cada um com a sua própria forma de aprendê-los e aplicá-los, assim como em qualquer instrumento. Pra mim, esse é o ensinamento chave na música. Existem infinitas formas de se reproduzi-la. E cada detalhe é um diferencial. Isso foi o que nos nossos ídolos de vanguarda respeitaram, e deixaram a musica fluir pelo seus corpos.

Vou deixar vocês viajando nessa demonstração de gala do Pai de todos os bateristas. Não há como não concordar. John Bonham foi único: ele permitiu que o shuffle e o groove penetrassem para sempre no rock. E de lá nunca mais saiu. E o grande e maior ensinamento de todos: liberdade total de burocracias musicais. O Led Zeppelin gravava seus cds no interior da inglaterra, em castelos e em casebres nas montanhas. Metrônomo? Me poupe, cara...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"One Man Army"

Duas invenções mudaram a música pra sempre no século XX: Uma foi a Guitarra Elétrica, e a outra foi a Bateria Americana Moderna:
One Man Army: Gene Krupa, 1930's, o precursor dos solos de bateria.

Antigamente, só podíamos escutar linhas de percussão de duas maneiras. Ou os tímpanos de uma orquestra, ou as bandas marciais. A bateria americana tornou possível que um só homem fizesse o trabalho de muitos. E esse progresso não trouxe apenas facilidades em si, mas semeou e germinou uma incrível linhagem de gênios.
O primeiro deles foi este homem simpático e elétrico que vemos em fotos acima, e neste vídeo aqui em baixo:
 

Ele é uma inspiração até hoje, pois trouxe as técnicas marciais dos rudimentos de caixa para a bateria moderna. Até hoje, os 40 rudimentos são largamente estudados no mundo inteiro. (em breve falarei mais sobre eles, e sobre a didática que utilizo para o seu ensinamento).
Gene Krupa primeiramente, trouxe uma abordagem livre e nova para o Jazz. Novos ares para a música, com toda a certeza, pois carimbou a presença de percussionista como elemento-chave em qualquer ritmo desde então, dirigindo as atenções para esse instrumento totalmente inovador, e até aquele momento, jovem e desafiador.

Porém, para todo mestre, há um discípulo. Bernard "Buddy" Rich, nascido em 1917, é com certeza o real sucessor de Krupa. E mais do que isso: é considerado por alguns o maior baterista de todos os tempos da música, pois simplesmente desvendou as técnicas do "mágico" antecessor, e criou uma didática para o seu ensinamento a todos os bateristas do mundo. Eu gosto de chamá-la de "Controle de reação": Pra toda ação, existe uma reação, e pra todo o ataque da baqueta, existe o rebote. E é nesse universo de controle de rebote aonde pode se desenvolver tamanha velocidade e versatilidade na hora de tocar, com o mínimo de esforço possível.
 
Este solo mudou a vida de todos os bateristas até então. O esforço físico existe apenas no "down stroke", o "up stroke" fica por conta da própria física. Eis uma bela descoberta hein? Com certeza facilitou a vida de milhões.

Krupa a inventou. Buddy Rich a incorporou e passou adiante. Hoje em dia, já temos um baterista-físico que explica exatamente isso: Freddy Gruber. Mas é necessária muita atenção e prática para entender e alcançar sozinho esse, digamos, "Nirvana baterístico", aonde se utiliza a mística da física e do universo para alcançar a habilidade suprema de tornar as baquetas parte do seu próprio corpo.


domingo, 24 de outubro de 2010

Você consegue sentir?


Os hindus dizem: "Nada Brahma", o que significa a grosso modo "O mundo é som". Isso é em parte verdadeiro, pois tudo é vibratório. Todas as partes do nosso corpo vibram em diferentes frequências quando está em contato com energia. Isso significa que o corpo de vocês, nesse exato momento, está vibrando, ao lendo esse blog, ou ouvindo música, ou fazendo o que for.
Como nós todos aprendemos em química e em física um dia, existem diferentes níveis dessa energia. O nosso ouvido pode captar 10 octaves (7 notas, dó-ré-mi-fá-sol-la-si, 10 tipos de cada uma no piano), enquanto o nosso olho só vê uma (arco-íris - 7 cores). É tudo energia. Diferentes timbres e formas montam a nossa visão periférica de mundo. Mas a grande pergunta é: o mundo é realmente tudo o que os nossos 5 sentidos podem captar?

"É como estar na quarta dimensão, e alguém lhe tentar explicar verbalmente. É exatamente sobre isso que ela se trata: sem palavras, sem símbolos, sem frases. Apenas pura e real energia, e vibrações." John Frusciante,  no início do documentário "Funky Monks", do Red Hot Chili Peppers.

A música é o exemplo perfeito pra tentar-mos entender essa questão. Provocadora de sentimentos, levantadora de astral. Ouvimos músicas para refletir, pular, dançar, sorrir. Osho denomina a presença divina da criação na terra como os sons da natureza. Os maiores artistas da história com certeza se influenciaram por essa verdadeira orquestra do universo, e fizeram sua música com amor, atraindo as energias mais poderosas, e transformando em algo agradável aos nossos ouvidos. Além de ser captada pelos sentidos, as músicas se transformam em sentimentos, provenientes de diversas manifestações energéticas. Música pode ser matemática, pode ser algo exato no plano em que vivemos, mas com certeza há algo mais além do que os nossos ouvidos e olhos podem perceber. Devemos ama-la e protege-la! E lutar contra muitos "ruídos" que tentam nos enfiar goela abaixo nos dias conturbados em que vivemos hoje.

Música é natural. Dance, cantarole, faça o seu próprio som. Toque algum instrumento. Cante no chuveiro. Cante na rua. Batuque na mesa: é a melhor terapia que existe. Não seja tímido; o seu corpo precisa vibrar junto com os seus sentimentos. Já que o nosso corpo é uma corda que vibra, e muitos médicos renomados denominam saúde como "a completa harmonia desta corda", só posso dizer uma coisa a vocês: LET'S GROOVE, PEOPLE! E esquecer tudo de ruim que nos rodeia.

"It ain't your TV,
though it's fun to laugh at people sometimes.
It ain't your computer,
though it's nice to spend a whole night online.
It's not your movies,
I see the same damn story line.
It's only music now, it's only music now."   
John Mayer

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tudo começou...

Era uma tarde nublada, 1993. É incrível como o cheiro, as imagens, e os sons nos teletransportam de volta ao passado, e daquele dia, eu me lembro muito bem. Eu tinha apenas 5 anos. Eu lembro de ter almoçado na casa do meu meio-irmão, Michel. Vi que ele usava um colchão na porta do quarto, e fiquei realmente curioso pra saber o que tava rolando por ali. A primeira imagem que tive, foi de uma enorme bateria preta, da Yamaha. Ao meu olhar de criança, era algo gigante. Meu pai me convidou para sentar do lado dele e assistir a performance do moleque. Com certeza, as primeiras batidas de bumbo e caixa transformaram a minha vida para sempre. Senti que cada batida na caixa tocavam diretamente dentro de mim. Meu irmão tocara "In Bloom", do Nirvana, com o plyaback ao fundo, e essa foi a primeira música que eu vi um baterista tocar. E além disso, tendo um irmão 10 anos mais velho que tu, domando aquela bateria gigante a la Dave Grohl, tu fica completamente enfeitiçado.
 Dave Grohl, baterista do Nirvana, descendo a lenha.

E lá começou esta epopéia que dura até hoje. Deixem eu me apresentar: meu nome é Greg Schneider, tenho 22 anos, e senti que a genética me encaminhara há 18 anos atrás. Sou filho de baterista, e irmão de baterista. Toco e pratico há 11. Criei esse blog pra dividir meus devaneios, colocar um pouco dos meus ensinamentos, estudos, teorias e loucuras conseqüentes de uma paixão que me move há quase 2 décadas. Amigo ou amiga, simpatizante ou praticante, profissional ou amador: sinta-se a vontade para discutir comigo sobre diversos temas que envolvem esse ramo da percurssão, que tanto nos emociona e nos move curiosidade. Existe uma magia por trás dessa prática, e minha obssesão é estudá-la e coloca-la no meu dia-dia.

Abraços a todos! Nunca desistam dos seus sonhos.