Confissões de um Baterista

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Funky President

 "Every great building has a strong foundation. When you're building a rhythm track, YOU provide the foundation. So, a drummer has to be strong, and has to be solid."

Steve Jordan
Por mais que a mídia nos aborreça com tanta porcaria que nos é enfiada guela a baixo nos dias de hoje, podemos dizer que a música ainda evolui... e este grande cara, chamado Steve Jordan, é a prova disso!

Nascido em 57 (já tem uma certa idade, apesar de não aparentar), é basicamente o frontman das baquetas em termos profissionais, hoje no mundo. Era um estudante de bateria ainda inexperiente quando o todo poderoso Steve Gadd o convidou para fazer uma jam em um de seus concertos. O até então garoto hesitou muito, e até hoje conta que quase não suportou a pressão. Mas depois de basicamente chutar o balde, foi convidado imediatamente a gravar álbuns com diversos (e dos mais tops) músicos do mundo, transcendendo jazz, blues, funk e até pop (gravou 3 álbuns com John Mayer). Além de produzir diversos álbuns e tocar basicamente todos os instrumentos.

Seu conceito mais famoso é do "Lay in the Pocket", que demosntra que "simplicity isn't stupidity", que o som pode ser rico e marcante mesmo sendo extremamente simples. É muito parecido com a tese que estou criando para a minha didática.

Aí vai um vídeozinho de apresentação da sua video-aula, Groove is Here, de 2002.. que pra mim, no meu atual momento funk rock, é a de mais suma importância

Um abraço a todos!



Aqui vai o link do Teaser de Apresentação desta video aula, com toques muito legais.
http://www.youtube.com/watch?v=gR2uXO8a8QI

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Começando com o pé direito...

Queridos amigos! Estive um pouco ausente nesse último mês, fazendo um pouco de cada coisa. E busquei mais inspiração pra falar-vos de com a mente aberta e o coração cheio. Na minha concepção, esse ano PROMETE em todos os quesitos. Os ensaios com a minha banda, a LECHUGA estão a todo o vapor, e em breve teremos mil novidades!

Então, pra começar este belo ano de 2011 com o pé direito, apresento-lhes as glorisas técnicas de bumbo do já cultuado neste blog John Bonham, ministradas por um gordinho muito simpático conhecido como Z.

"Immigrant Song", "Fool for the rain", e "Dazed and Confused". Três lendárias performances de bumbo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Bíblia dos Iniciantes. Parte 1

Nenhum professor de bateria me influenciou tanto quanto Freddie Gruber. Nascido em 1927 em Nova York, é um famoso baterista de jazz que decidiu ensinar a todos como a física influi na forma de tocar. Como a tensão e a gravidade influem na quantidade de esforço que é necessária. E como se usa a reação do rebote pra disperdiçar o mínimo de energia.


Freddie: É chamado de "approach", Pois a forma como você faz é quase tão importante quando o quê, pois um completa o outro.. Veja. Essa baqueta parece sólida, e é. Mas na realidade, considerando como universo age, se você criar isso (demonstrando como a baqueta pode ser maleável), e o seu "approach" para isso, você está em real contato com a coisa toda".

Essa essência teórica-física da bateria, é para mim, algo importantíssimo, que todos que desejam começar a tocar devem ter em mente. Eu considero um verdadeiro atalho para aqueles que praticam, pois sem essa consciência, estás lutando contra a natureza, e disperdiçando MUITA energia.
Para exemplificar o que estou dizendo, dou a vocês, o que para mim é o melhor vídeo instrucional que eu já tive a oportunidade e ver. (e para a sorte daqueles que não compreendem inglês, ele acabou ser legendado e postado no YouTube).


Valeu ao Daniel Batera por ter feito essa mão pro pessoal!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A mística

Ao longo dos meus estudos, tive a sorte de vislumbrar diversos "insights" criativos, que mudaram minha forma de tocar pra sempre. Esses tipos de iluminações vão além de qualquer ensinamento, curso, aula, ou exercício. São simplesmente conclusões que as nossas mentes chegam após questionamentos incansáveis - Afinal, nunca saberemos tudo - a vida é um constante aprendizado. Mas há dois dias.. mais basicamente no 7/11, este cara deu corda a mais uma idéia.

Paul McCartney: Com certeza, o maior e melhor músico vivo na atualidade.

Tive o coração tocado no fundo já no primeiro acorde. Mas mais do que isso: fiquei extremamente curioso sobre como esse homem de 68 anos se move pelo palco. Como disse há alguns posts, música, vibrações, e por consequencia, a dança estão 100% interligadas. E percebo muito bem um completo lapso de esforço físico. Paul quase que simplesmente levita de um lado para o outro. Vai da sua posição central até o piano dançando, com gestos delicados e simples. Isso com certeza me instigou muito ao mesmo momento que estava emocionado ao extremo com a maior experiência sonora que tive em toda a minha vida. Isso prova como a natureza possui um relógio próprio, aonde é impossível desafiar o tempo.É impossível fazer um rio correr mais rápido. É a famosa lei hindu do mínimo esforço.

domingo, 31 de outubro de 2010

O Mestre


Alguns lhe diziam ser o maior baterista de rock'n roll da Terra. Ele desconversava, dizia "not at all". Eles lhe perguntavam se precisa de anos e anos para tocar como ele. Ele dizia "not really". Acredite: quando tu chamas os melhor músicos da tua cidade, pra montar uma banda, e ficas na duvida entre John Bonham e Ginger Baker, é porque a coisa tava HEAVY por Londres.

O incrível apogeu do rock nos anos 60/70 originou mais do que hits famosos, que venderam milhões de discos. Produziu a única e verdadeira música transcedental do ocidente. Um som deste nível de pureza, só com gravações-espetáculos. Não só dos músicos. Mas também dos produtores e dos engenheiros. E os shows eram verdadeiras transfusões de emoções e de felicidade extrema:

Entre jogos de bilhar e coleções carros antigos, John Henry Bonham, o "Bonzo", como era chamado, mudou completamente a abordagem do instrumento. Ele desenvolveu técnicas que são estudadas no mundo inteiro. Como todo baterista, passei horas e horas estudando Double Bass Illusion (o nome já diz), A famosa "Avalanche", que são variações de triplets. (google it). E entre técnicas de pedal de bumbo, foi certamente o primeiro baterista que enganou totalmente seu público. Ele usa apenas um single pedal, e utiliza uma técnica monstra para bater duas vezes numa pisada só. 

Posso dizer que essas três belezuras mudaram para sempre meu estilo de tocar, para sempre. Uma coisa que você deve perceber na bateria, é que as técnicas tem nomes e ensinamentos padrões, mas existem infinitos meios de tocá-los. Cada um com a sua própria forma de aprendê-los e aplicá-los, assim como em qualquer instrumento. Pra mim, esse é o ensinamento chave na música. Existem infinitas formas de se reproduzi-la. E cada detalhe é um diferencial. Isso foi o que nos nossos ídolos de vanguarda respeitaram, e deixaram a musica fluir pelo seus corpos.

Vou deixar vocês viajando nessa demonstração de gala do Pai de todos os bateristas. Não há como não concordar. John Bonham foi único: ele permitiu que o shuffle e o groove penetrassem para sempre no rock. E de lá nunca mais saiu. E o grande e maior ensinamento de todos: liberdade total de burocracias musicais. O Led Zeppelin gravava seus cds no interior da inglaterra, em castelos e em casebres nas montanhas. Metrônomo? Me poupe, cara...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"One Man Army"

Duas invenções mudaram a música pra sempre no século XX: Uma foi a Guitarra Elétrica, e a outra foi a Bateria Americana Moderna:
One Man Army: Gene Krupa, 1930's, o precursor dos solos de bateria.

Antigamente, só podíamos escutar linhas de percussão de duas maneiras. Ou os tímpanos de uma orquestra, ou as bandas marciais. A bateria americana tornou possível que um só homem fizesse o trabalho de muitos. E esse progresso não trouxe apenas facilidades em si, mas semeou e germinou uma incrível linhagem de gênios.
O primeiro deles foi este homem simpático e elétrico que vemos em fotos acima, e neste vídeo aqui em baixo:
 

Ele é uma inspiração até hoje, pois trouxe as técnicas marciais dos rudimentos de caixa para a bateria moderna. Até hoje, os 40 rudimentos são largamente estudados no mundo inteiro. (em breve falarei mais sobre eles, e sobre a didática que utilizo para o seu ensinamento).
Gene Krupa primeiramente, trouxe uma abordagem livre e nova para o Jazz. Novos ares para a música, com toda a certeza, pois carimbou a presença de percussionista como elemento-chave em qualquer ritmo desde então, dirigindo as atenções para esse instrumento totalmente inovador, e até aquele momento, jovem e desafiador.

Porém, para todo mestre, há um discípulo. Bernard "Buddy" Rich, nascido em 1917, é com certeza o real sucessor de Krupa. E mais do que isso: é considerado por alguns o maior baterista de todos os tempos da música, pois simplesmente desvendou as técnicas do "mágico" antecessor, e criou uma didática para o seu ensinamento a todos os bateristas do mundo. Eu gosto de chamá-la de "Controle de reação": Pra toda ação, existe uma reação, e pra todo o ataque da baqueta, existe o rebote. E é nesse universo de controle de rebote aonde pode se desenvolver tamanha velocidade e versatilidade na hora de tocar, com o mínimo de esforço possível.
 
Este solo mudou a vida de todos os bateristas até então. O esforço físico existe apenas no "down stroke", o "up stroke" fica por conta da própria física. Eis uma bela descoberta hein? Com certeza facilitou a vida de milhões.

Krupa a inventou. Buddy Rich a incorporou e passou adiante. Hoje em dia, já temos um baterista-físico que explica exatamente isso: Freddy Gruber. Mas é necessária muita atenção e prática para entender e alcançar sozinho esse, digamos, "Nirvana baterístico", aonde se utiliza a mística da física e do universo para alcançar a habilidade suprema de tornar as baquetas parte do seu próprio corpo.


domingo, 24 de outubro de 2010

Você consegue sentir?


Os hindus dizem: "Nada Brahma", o que significa a grosso modo "O mundo é som". Isso é em parte verdadeiro, pois tudo é vibratório. Todas as partes do nosso corpo vibram em diferentes frequências quando está em contato com energia. Isso significa que o corpo de vocês, nesse exato momento, está vibrando, ao lendo esse blog, ou ouvindo música, ou fazendo o que for.
Como nós todos aprendemos em química e em física um dia, existem diferentes níveis dessa energia. O nosso ouvido pode captar 10 octaves (7 notas, dó-ré-mi-fá-sol-la-si, 10 tipos de cada uma no piano), enquanto o nosso olho só vê uma (arco-íris - 7 cores). É tudo energia. Diferentes timbres e formas montam a nossa visão periférica de mundo. Mas a grande pergunta é: o mundo é realmente tudo o que os nossos 5 sentidos podem captar?

"É como estar na quarta dimensão, e alguém lhe tentar explicar verbalmente. É exatamente sobre isso que ela se trata: sem palavras, sem símbolos, sem frases. Apenas pura e real energia, e vibrações." John Frusciante,  no início do documentário "Funky Monks", do Red Hot Chili Peppers.

A música é o exemplo perfeito pra tentar-mos entender essa questão. Provocadora de sentimentos, levantadora de astral. Ouvimos músicas para refletir, pular, dançar, sorrir. Osho denomina a presença divina da criação na terra como os sons da natureza. Os maiores artistas da história com certeza se influenciaram por essa verdadeira orquestra do universo, e fizeram sua música com amor, atraindo as energias mais poderosas, e transformando em algo agradável aos nossos ouvidos. Além de ser captada pelos sentidos, as músicas se transformam em sentimentos, provenientes de diversas manifestações energéticas. Música pode ser matemática, pode ser algo exato no plano em que vivemos, mas com certeza há algo mais além do que os nossos ouvidos e olhos podem perceber. Devemos ama-la e protege-la! E lutar contra muitos "ruídos" que tentam nos enfiar goela abaixo nos dias conturbados em que vivemos hoje.

Música é natural. Dance, cantarole, faça o seu próprio som. Toque algum instrumento. Cante no chuveiro. Cante na rua. Batuque na mesa: é a melhor terapia que existe. Não seja tímido; o seu corpo precisa vibrar junto com os seus sentimentos. Já que o nosso corpo é uma corda que vibra, e muitos médicos renomados denominam saúde como "a completa harmonia desta corda", só posso dizer uma coisa a vocês: LET'S GROOVE, PEOPLE! E esquecer tudo de ruim que nos rodeia.

"It ain't your TV,
though it's fun to laugh at people sometimes.
It ain't your computer,
though it's nice to spend a whole night online.
It's not your movies,
I see the same damn story line.
It's only music now, it's only music now."   
John Mayer